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6 de abril de 2024

"Plug-In" by Joana Vasconcelos | Maat

 

Joana Vasconcelos volta ao ponto de partida com a exposição Plug-in no MAAT, após ter sido a primeira artista nomeada para o Prémio Novos Artistas Fundação EDP em 2000. Esta mostra visa estabelecer um diálogo entre o património da eletricidade, a tecnologia e as artes plásticas. As 7 peças em exibição têm enorme impacto visual e não deixam ninguém indiferente.


O original anel Solitário (2018), que está instalado no exterior do museu, é composto por 110 jantes de automóvel douradas a criar uma circunferência coroada por uma pirâmide invertida formada por 1450 copos de whisky em cristal, simulando um diamante gigante, uma verdadeira obra-prima! Esta peça conjuga dois dos mais estereotipados símbolos de luxo, automóveis e diamantes, para recriar um dos objectos mais cobiçados do mundo. 


A obra foi criada em 2018 para o exterior do Guggenheim de Bilbau no contexto da exposição "I'm your Mirror", tendo passado ainda pela Kunsthal de Roterdão, o Parque do Museu de Serralves e Yorshire Scupture Park.







Foto Bruno Lopes

A escultura têxtil Valkyrie Octopus, criada em 2015 para o resort MGM Macau, é vista pela primeira vez na Europa nesta mostra. As valquírias de Joana Vasconcelos são esculturas inspiradas nas figuras femininas da mitologia nórdica que sobrevoavam os campos de batalha, trazendo de volta à vida os mais bravos guerreiros para se juntarem às divindades em Valhalla.


Esta obra composta por um corpo central, cabeça, cauda e diversos braços faz lembrar um polvo gigante. Destaque para a diversidade e beleza dos têxteis usados na sua concepção que, a par com a inserção de luz (simulando a vibração e a respiração), lhe conferem vida e movimento.



Esta foi sem dúvida a peça que mais me impactou, War Games. O primeiro automóvel da artista apresenta o exterior crivado com dezenas de espingardas de plástico e luzes LED vermelhas que se acendem e apagam ininterruptamente. No interior destacam-se centenas de bonecos de peluche que se agitam ruidosamente, clamando por atenção e espaço. Uma obra que reflecte a cadeia de violência global a que as crianças não são imunes e nos atinge como um murro no estomago!



Strangers in the Night

A peça emite, em contínuo, a canção de Sinatra, "Strangers in the Night", e dela recebe o título. Esta instalação visa alertar para a realidade de um amor fugaz, contrariamente à letra da canção, reforçando o lado crítico do tema. Evoca o décor interior de uma cabine em napa branca capitonée, e aberta ao espectador, forrada de farolins de carros no exterior piscando continuamente. Se o interior refere o striptease em cabines de peep-show, o exterior sugere os carros que rodam na noite e os homens que os ocupam, procurando os amores baratos e eventuais de uma qualquer mulher, ausente de cena, mas subjugada. Mais uma obra que é uma critica à sociedade.



Drag Race

Joana Vasconcelos deu vida nova a um Porsche 911 Targa Carrera. Partindo da opulência do Barroco e das curvas generosas da talha dourada, oriunda de modelos barrocos originais, remete-nos para as carruagens das Embaixadas de D. João V e a partir daí para a apropriação do ouro brasileiro ou para jogos de influência de politica internacional.




As figuras angelicas e as plumas pretendem criar a ilusão de voo proporcionada pela velocidade, convidando a uma viagem ao can-can parisiense e estabelecendo a ligação às Drag Races dos Estados Unidos, a que a artista foi buscar inspiração. Sem dúvida uma obra com o cunho muito pessoal da artista.


I´ll Be Your Mirror

O título desta peça serviu de tema à mostra individual no Guggenheim de Bilbau, aludindo ao papel dos artistas na sociedade. Composta por 255 molduras barrocas de bronze e de 510 espelhos sobrepostos (como de escamas se tratasse), a obra pretende criar um jogo de ocultação, no qual o público ao ver a sua imagem replicada é convidado a descobrir que “só há reflexão quando há paralelismo”, tal como explica Joana Vasconcelos.



Com um enorme impacto visual, a Árvore da Vida é uma das peças mais bonitas desta exibição. Tendo sido produzida durante o confinamento, Joana Vasconcelos terá pedido aos artesões que trabalhassem na produção das folhas, 140.000 no total, todas bordadas à mão, com motivos diferentes, tal como o canutilho de Viana do Castelo, assentes em 354 ramos, formando uma árvore com mais de 13 metros de altura. A criação foi concebida para a Sainte-Chapelle de Vincennes em Paris e levada a cabo em colaboração com o Centre des Monuments Nationaux, por forma a celebrar a Temporada Cultural entre Portugal França 2022. Tendo curadoria de Jean-François Chougnet, a obra reforça a verticalidade do vínculo entre terra e céu, mundano e espiritual.





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