A Inteligência Artificial (AI) marcou a edição do Web Summit 2023. Das inúmeras possibilidades aos perigos da sua má utilização, muitas são as questões que se colocam com este tema. Legislar ou ser reactivo? Em que domínios poderá avançar? O quadro de valores morais e éticos que deverá ter na sua génese, num mundo em que a balança nem sempre pende para o lado mais justo!
Os dados estão lançados e todas as opções estão em cima da mesa! Certo é que não há verdades absolutas e, dificilmente, se atingirá um consenso unanime, mas a forma como utilizamos esta ferramenta, poderá, sem dúvida fazer toda a diferença. Desde os transportes à habitação, da saúde até à forma como encaramos a sustentabilidade, a ecologia, o desenvolvimento equitativo e os direitos humanos.
Katherine Malher, CEO Web Summit
Do meu ponto de vista, é uma tecnologia que levanta ainda muitas reservas, e sobre a qual não tenho conhecimento suficiente para emitir uma opinião sustentada. No entanto, gostei particularmente do painel “Are we moral enough for AI”, com Brittany Kaiser (fundadora da Own your Data), Mandeep Rai (autora do livro "The Values Compass"), que destaca que a mudança começa connosco “…If we focus on our values and companies and as individuals the world of difference takes place”, e Lexi Mills (CEO da Shift6 Studios) que fala nos preconceitos que existem na tecnologia, nomeadamente na programação e nos algoritmos “the internet algorithms are a reflection of an aspect of humanity, but it’s not a true reflection. It’s in some ways an opinion that’s designed to serve whatever the user desire is. There’s a difference between getting what you want and getting what you need (…) A power can be used for good or it can be used for bad”. Brittany Kaiser destacou o papel fundamental da regulamentação, contudo afirmando que a própria indústria tecnológica e os seus criadores devem ter um papel activo junto aos decisores, por forma a que esta seja adequada à inovação e eticamente correcta, pois têm um conhecimento mais privilegiado do que estes. Mandeep concretiza, ao falar do futuro da AI, que o modo como a tecnologia é criada tem necessariamente que ser mudado, referindo-se à adição aos telemóveis, plataformas e redes sociais…”If you look at Silicon Valley and how those children are being treated, they are being told, this is addictive, don’t go onto this platform…Well actually, they’re not even given a device. And so, if you’re doing that to your children then why do you want the rest of the world (to become addicted)? Acrescenta, desconfiando dos magnatas da indústria “the people who are creating the technology are not going to take the responsibility, they haven’t before and they’re not going to in the future”, e coloca a tónica igualmente na responsabilidade individual…“The difference between AI and humans is that humans have, hopefully, a moral compass. A robot or AI does not (…) We are ultimately responsible if something is being used aimorally (…) Your mind is a product of what you are feeding it”. Lexi Mills complementa, observando a importância da literacia sobre estes temas, de modo que as pessoas consigam fazer escolhas fundamentadas.
Com a simpática e enérgica Mandeep Rai
Como já é habitual, as alterações climáticas também estiveram na ordem do dia com a sessão “Accelerating climate solutions with AI”, por Melanie Nakagawa, Chief Sustainability Officer na Microsoft, que nos fez reflectir como sobre poderá ser usado esta ferramenta rumo à sustentabilidade e eficiência na gestão dos recursos.
A jovem activista Sage Lenier “incendiou” a plateia com o tema “The World is one Fire. Here’s is a realistic plan to save it”, tendo levantado importantes questões, tais como a economia circular (produzir menos e com maior durabilidade, reparar, reciclar e reutilizar), a pegada da fast fashion (e de outras indústrias), tal como afirmou, “we have enough clothes to cloth the six next generations”, bem como a forma como estas são produzidas.
Aponta também o dedo à indústria tecnológica e de outros bens de consumo, que deveriam ser para durar e não descartáveis. Sage pede à assistência que reflicta sobre estes temas, que os recursos são finitos e que a lógica que assenta numa economia de massa tem que ser mudada já, dado que a sua geração “ainda não tem esse poder” e a nossa “sobrevivência depende disso”. O verdadeiro avanço tecnológico é aquele que visa o bem comum e o do planeta, enuncia.
Chloe Songer, CEO SuperCircle
Também no painel “Closing the loop: Fashion´s breakthrough with Reflaunt (Stephanie Crespin, CEO e fundadora) and SuperCircle" (Chloe Songer, CEO e cofundadora) moderado por Jeanine Ballone, Editora de Sustentabilidade na Page Magazine, que tive oportunidade de entrevistar o ano passado (vejam o artigo aqui), foi referida a importância de não descartar o que usamos, realçando a importância da economia circular e o desperdício que existe hoje na supply chain e sobreprodução na indústria da moda, incentivando à reutilização e à venda em segunda mão em plataformas para o efeito, como é o caso da joint-venture entre estas duas marcas.
No painel “The unsustainable side of the smartphone industry, and how to change it” Lars Silbearbauer, CMO da Nokia, referiu a actual tendência do detox digital e que algumas pessoas estão neste momento a voltar aos telefones analógicos (“dumb phones”) para poderem descansar dos contastes alertas e redes sociais. A questão da durabilidade e reparação dos telemóveis também aqui foi destacada.
Com Katherine Maher
PR Conference da nova rede social Whyzzer, com o CEO e cofundador Benjamin Buthmann e a actriz e investidora Kelly Rutherford (Gossip Girl).
Com Kelly Rutherford
O Web Summit é sempre um lugar de partilha de experiências e onde temos oportunidade de conhecer pessoas de todo o mundo. Este ano os highlights vão sem dúvida para algumas das mulheres com quem tive oportunidade de falar pessoalmente, e que me inspiraram. A CEO Katherine Maher, uma mulher elegante e cheia de garra, a actriz de "Gossip Girl" Kelly Rutherford, surpreendentemente simpática e disponível, e Mandeep Rai, jornalista e autora de “The Values Compass”.
Sarah Wayne Callies
Morena Baccarin
As actrizes Morena Baccarin (Gotham e Deadpool) e Sarah Wayne Callies (Prison Break, Walking Dead) lideraram o painel “Using your plattform for good”, enquanto embaixadoras do International Rescue Commitee (IRC), que visa ajudar refugiados, em particular mulheres, que tiveram de fugir de situações de conflito, realojando-as, dando-lhes condições de saúde, trabalho e educação, partilhando algumas das experiências que vivenciaram. Sem dúvida um dos pontos altos desta edição!
Sendo esta uma conferência tecnológica, tive oportunidade de fazer novos "amigos" ao passear pelos vários pavilhões.
"Closing Remarks" com Katherine Maher. Os looks que usou ao longo do certame ficam também na retina, sem dúvida uma lufada de ar fresco!
Para 2024 espero que reponham o palco “Modum”, um dos meus favoritos. Como sempre foi um certame muito enriquecedor e que promoveu a discussão de alguns dos temas mais estruturantes e disruptivos da actualidade.
Até 2024 Web Summit!
Mais uma excelente edição, focada na AI! Um tema que levanta muitas questões éticas, morais e políticas
ResponderEliminarSem dúvida, é um evento que nos permite aprender sempre imenso!
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