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1 de maio de 2022

Vintage is the New In


O vintage nunca esteve tão in, dar uma segunda vida às peças faz mais sentido do que nunca. A roupa não é descartável e não deve ser usada como tal para bem do nosso planeta!

Todas as estações faço um closet cleaning, tendo em conta este conceito, como já vos falei aqui. Efectuo uma avaliação, dando uma nova oportunidade àquilo com que me identifico. Por vezes tenho artigos no armário que não uso durante um longo período e depois volto a vestir. Por esse motivo, não aplico a regra de um ano para me desfazer de algo mas sim se ainda está ou não de acordo com o meu estilo. Uma das coisas que me dá mais satisfação é encontrar peças antigas, algumas até que pertenceram aos meus pais e avós, dando-lhes uma nova vida. No entanto, até por uma questão de espaço, não é possível manter tudo. Assim, o que já não quero, e que esteja em boas condições, doo ou coloco à venda na plataforma Micolet. Também sou embaixadora da Vestiaire Collective, que vende artigos de luxo em segunda mão.


Na última série “And Just Like that”, sequela de “Sex & the City”, vimos as personagens principais, sobretudo Carrie Bradshaw, a usar muitas peças do seu closet original, como é o caso dos Manolo Blahnik do seu casamento ou a Fendi Baguette purple, bem como outras que as responsáveis de guarda-roupa dizem ter encontrado na plataforma ThredUP, da qual vos falei aqui a propósito do Web Summit. O seu fundador, Antony Marino, afirma que a pandemia afectou todas as classes sociais e, consequentemente, a sua forma de fazer compras, sobretudo os millennials. Estes são quem tem maior apetência por esta forma de consumir, penalizando as marcas que não se preocupam em reciclar ou que não têm um espaço para vendas em segunda mão.


Para fazer face a esta mudança de mentalidade, marcas, caso da Gucci, criaram plataformas como a Gucci Vault, que para além de fazer parcerias com outros criadores tem uma selecção de peças vintage criteriosamente selecionadas, sendo cada uma única, com um número de identificação e um dust bag exclusivo.

Na última visita oficial de Kate Middleton pelas Caraíbas também podemos ver a duquesa de Cambridge a usar algumas peças vintage, como é o caso do vestido que usou na casa museu de Bob Marley. Também é habitual vê-la a usar roupa que já tem há alguns anos, bem como algumas peças que pertenceram à Rainha Isabel II. A rainha Letizia de Espanha segue os mesmos passos, reutilizando ou surgindo com artigos da Rainha Sofia. É igualmente usual ver as filhas de Letizia a partilharem roupa com a mãe.


As marcas de fast fashion tentam fazer face a esta necessidade, criando peças com materiais orgânicos e recicláveis, como é o caso da mais recente Cherish Waste da H&M. Com o mote de valorizar a moda, utiliza tecnologias como o Aircarbon (um biomaterial feito a partir de micro-organismos naturais encontrados no oceano e que se "alimentam" de oxigénio e de carbono proveniente de gases com efeito de estufa) Esta coleção apresenta novos processos de transformação que anteveem o futuro desta indústria afirma Ann-Sofie Johansson, Creative Advisor da H&M.

Refere ainda que, "depois de um período desafiante em que vivemos através de ecrãs, todos sentimos a necessidade de tocar em coisas e de nos reconectarmos com as pessoas que amamos. Mas também de comprarmos de forma mais responsável com peças que coloquem a circularidade em evidência, transformando os resíduos em algo desejável e que pretendemos cuidar durante muito tempo".


Na sociedade em que vivemos, em que são lançadas inúmeras colecções por estação, em particular nas marcas mainstream, pode não ser fácil fazer esta transição, sobretudo pela apetência do novo (mas a moda também é cilícica e podemos encontrar imensos achados dos anos 70 por exemplo, uma das tendências actuais).

Julgo que a chave está em conhecer o nosso estilo e saber quais as peças com que nos identificamos e queremos manter. O factor qualidade também é importante e devemos dar atenção aos materiais utilizados, mais do que ao branding. É igualmente recomendado respeitar as instruções de lavagem, de forma a preservar a durabilidade da roupa. Tenho peças da Zara, por exemplo, com mais de 10 anos.

Devemos seguir os mesmos princípios para o que compramos e para aquilo que queremos descartar. Para além das plataformas que referi, existem muitas outras onde podemos vender, como a Vinted. No final, ficamos todos a ganhar, pois certamente conseguiremos um estilo mais original, fazendo escolhas mais inteligentes e amigas do ambiente, afinal é um assunto que diz respeito a todos nós!

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