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26 de março de 2017

Chakall | Na Primeira Pessoa


Chakall é um nome que associamos de imediato a algum exotismo e irreverência, talvez devido ao emblemático turbante e à sua comida. Tendo a Argentina como País de origem é um cidadão do Mundo, não só pelas suas dispares raízes mas também pelas inúmeras viagens que realizou. 


O Restaurante El Bulo Social Club by Chakall serviu de palco para uma divertida conversa a dois.


Por que motivo escolheste um armazém na zona de Marvila para abrir o El Bulo?

Porque acho que sempre fui um bocado como o salmão, contra a corrente. Se todos vão para o Bairro Alto, eu vou para um bairro para o qual ninguém vai. Há 20 anos que vivo em Portugal e achei que era a melhor zona para restauração ou para discotecas de Lisboa… Espero estar certo daqui a uns anos, ainda não é, parece que está a começar a ser, as coisas levam tempo! O facto de não ter pessoas a morar aqui directamente, ter espaços gigantes, espaços que respiram com pés direitos como este (15m) é uma grande diferença. Eu quando vou a restaurantes com tectos baixos sinto-me apertado.


Chef, ex-modelo, jornalista, aspirante a treinador de futebol, escritor, empresário. Consideras-te um homem dos sete ofícios? Qual é a tua maior paixão?

A minha paixão é a Humanidade! Eu gosto de várias coisas, de fazer algo diferente todos os dias. Aborreço-me, o sucesso aborrece-me. Cozinhar é uma parte da minha vida mas não é tudo, nem de perto! Fui jornalista com sucesso relativo (dos 18 aos 25) mas essa parte acabou…Mas é mais difícil agora, não? Com filhos!

Treinador de futebol, adorava ser treinador de futebol! Gosto de futebol desde miúdo e também jogo agora. Os meus amigos dizem devias estar ali sentado (cadeira do treinador)…Ontem no jogo de futebol acertei tudo. As mudanças nos jogadores, no resultado…Mas por outro lado não sei se também é o meu ambiente…És do Benfica? sou do Benfica!


Como jornalista que personalidades mais te marcaram?

Bono, Mick Jagger…As estrelas a sério são simples! Acho que aprendi alguma coisa dali, tirei notas como uma pessoa se deve comportar na vida. O êxito não pode fazer uma pessoa sentir-se melhor que outra pessoa, achar-se acima das outras ou cumprimentar as pessoas de maneira diferente porque são pobres ou ricas ou seja o que for.


Também és filho de várias culturas. Nasceste em Buenos Aires, com pais de raízes distintas. De que forma isso influencia a tua cozinha?

Acho que é tudo não?! Sou descendente de italianos, franceses, suíços, alemães, espanhóis, galegos, indígenas. As misturas hoje em dia são o futuro do mundo, em tudo, já não há nada puro. A América Latina, a Argentina particularmente, somos filhos de misturas. Às vezes duas (mãe ou pai italiano é o mais normal), no meu caso 4 ou 5. 

Não consigo comparar porque sou assim, se estivesse noutra vida sendo filho só de portugueses ou só de espanhóis se calhar tinha uma outra ideia, mas acho que... Eu estou confortável em qualquer lugar, estou aqui bem, vou à Alemanha estou bem, estou em Espanha estou bem, não tenho aquela história de ter que me adaptar. Sinto-me bem, sinto-me em casa e acho que isso tem a ver com o facto do sangue da minha família ter dado tantas voltas ao mundo para acabar numa só pessoa e agora os meus filhos ainda são mais misturados.


Que principais diferenças encontras entre Lisboa e Buenos Aires?

Têm alguma coisa em comum mas são cidades muito diferentes. Ambas têm água mas uma tem mais um rio-mar e a outra rio-rio. São semelhantes em termos do tango e o fado, uma coisa assim nostálgica, a diferença é que uma se baila e a outra não, uma só para chorar e a outra sensual.

Nós comemos carne, aqui come-se peixe. Somos latinos, povos amáveis, come-se bem nas duas cidades. A luz é muito diferente, o hemisfério Sul não tem nada a ver com o hemisfério Norte, são lindas as duas mas aqui a luz é mais bonita, a luz de Lisboa é preciosa, sobretudo nesta época que vem agora e em Setembro. O clima é mais ou menos semelhante, húmido e frio no Inverno, Buenos Aires provavelmente mais fria e mais quente porque não tem o mar.


Sabes dançar o tango?

Mal, parece que tenho dois pés esquerdos! Comecei a aprender muitas vezes. Na escola bailamos tango também, é obrigatório. Gosto e bailo um pouco. Se algum dos meus amigos que são professores vir isto, vão dizer palhaço, mentiroso...(risos)…Mal bailo, faço os 8 primeiros passos, não podes dançar o tango só com os 8 primeiros passos…A figura clássica mas não mais que isso.


O turbante é a tua imagem de marca. Como surgiu e qual a relação que tens com a moda?

Tenho uma relação há muitos anos com a Moda mas não fruiu nada dessa relação. Fui modelo durante muito tempo, da Elite Models, fiz diversos anúncios, nunca fiz passerelle, não tenho altura nem postura, sou um pouco desarrumado para caminhar…Sinceramente sou a pessoa mais fora da Moda no fundo que conheces, porque fui patrocinado por Puma, por marcas de roupa durante muito tempo e nunca liguei muito. Gosto da Puma porque é de desporto, mas nunca liguei realmente muito à moda, mesmo trabalhando como modelo, sendo importante dentro da agência. Há pessoas mais vaidosas outras menos vaidosas, não sou vaidoso com o tema da moda e ando sempre com o cabelo despenteado.

O turbante começou em África, no Sudão, e depois ficou como substituto do chapéu de cozinheiro. Não ando com ele na rua. No restaurante e na cozinha estou de turbante. As pessoas pensam que no dia-a-dia estou sempre a usá-lo, o que é óptimo, não me reconhecem muitas vezes (risos).


Chakall…Qual a origem do nome?

Chamam-me Chakall desde pequenino…Tinha 5 anos e parecia que era um chacal…Era terrível. As minhas primas e as raparigas que vinham lá a casa...Mimava-as e dava-lhes beijinhos.


Se te tivesses de definir “com uma pitada de”, o que seria?

De malagueta!


Como é que um cozinheiro concilia o seu dia-a-dia com uma nutricionista? 

A minha mulher é médica, não é só nutricionista, também faz nutrição. Às vezes é complicado mas também trabalhamos juntos aqui no restaurante, aprendo muito com ela, do efeito dos ingredientes a nível medicinal…Percebo muito mais do que antigamente do que faço com as sementes de “A, B e C”. Conheço a história normal mas não sabia de coisas profundas sobre os ingredientes.


Que novos projectos podemos esperar? 

Tenho um projecto que estava agora a falar, aqui muito perto, mas ainda não posso comentar, uma coisa muito particular, nem imaginas, depois conto! Tenho um programa de televisão novo para Portugal que vou começar a gravar com a minha filha daqui a um mês e meio, depois vou voltar à República Dominicana e fazer um piloto.


Créditos Fotográficos Rute Obadia Fotografia




Look

Dress Zara S/S 17 | Earings Ayala Bar | Clutch Global Fashion by Marta | Pumps Rockport



Make-up Clinique by Hugo Afonso


Hair by Tita Martins for Anton Beill Hairdressing

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