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15 de novembro de 2013

Adelaide de Sousa | Na Primeira Pessoa


Nos tempos que correm é difícil conhecer pessoas genuínas, que acreditam em projectos e em ajudar o próximo, ainda mais vindas de áreas que à partida vivem muito da imagem. Por isso quando encontro alguém assim, uma mulher linda na verdadeira acepção da palavra, não resisto a entrevistá-la e foi o que fiz com a Adelaide de Sousa. Obrigada Adelaide por me concederes esta entrevista e por partilhares comigo e com os meus seguidores um pouco do teu mundo. 


Adelaide como surgiu a ideia do projecto “As Guerreiras”?

Foi o Tracy quem teve a ideia, num momento frágil da vida dele, há uns anos atrás. Desde 2005 temos feito esforços para trazer o projecto à luz, que só agora deram frutos. Quase desistimos várias vezes, eram grandes os obstáculos internos e externos. O que eu sentia muitas vezes era que ninguém se importava com isto, porque é que eu deveria continuar? Mas estava enganada, e ainda bem que tivemos fé! Da perseverança nasceram as fotos, os testemunhos, a página do Facebook, e acredito que surgirá em breve também um grupo terapêutico que se encontrará periodicamente em várias localidades do país, bem como o e-livro que contém os testemunhos na íntegra. 


Qual o principal objectivo do projecto?

Encorajar. Não só as mulheres que têm cancro da mama, mas todos, começando por nós mesmos. Há tantas coisas na vida que nos deitam abaixo, que nos param no caminho que tínhamos traçado como sendo o melhor, o que nós mais queríamos, o que nos ia fazer feliz...e de repente, algo acontece (como uma doença, como o desemprego, como a crise...). A mensagem é: não estás sozinha, partilha o teu fardo, caminha connosco...a corrida vai longa, mas vale a pena lutar sempre! 


Não é difícil lidar com o medo e a vulnerabilidade destas mulheres?

Creio que pode ser, sim. Acima de tudo, há um perigo: o de nos apresentarmos como os “salvadores”, que não somos. Somos pessoas comuns, com muita vontade de ajudar quem sofre a não passar pelo “vale da sombra da morte” sem companhia. Nos nossos pensamentos, nas nossas orações, elas estão sempre connosco.


Até onde pretendem levar este projecto?

Até à lua! Até onde ele puder ir, até onde as portas se abrirem, até ao momento em que recebermos um não tão rotundo que não deixe dúvidas. Pelo seu carácter universal (sofrimento da mulher portuguesa é igual ao de todas as outras, apenas se reveste de dificuldades diferentes) cremos que tem pernas para avançar além-fronteiras. Trata-se apenas de encontrar os parceiros certos para a página de Facebook, que têm de estar cientes das realidades locais. Aqui, temos a associação ABC, que tem sido excepcional na sua disponibilidade, e ainda a amizade de muita gente dentro do Movimento Vencer e Viver da LPCC-NRS. Temos ainda algumas das nossas Guerreiras, e também 2 médicas oncologistas e 2 psicólogas especializadas sempre a postos.


Já foste Assistente de bordo, modelo, actriz e apresentadora de televisão, de todas estas áreas qual a que mais te seduz?

Cada vez gosto mais de ser eu mesma. Não porque eu seja fantástica, mas porque faz sentido dizer o que eu penso, e não uma ou outra personagem. Nesse sentido, trabalhar em televisão como eu mesma é o que eu mais gosto, se bem que é nos trabalhos de locução – que não lidam com imagem, mas esse bem maravilhoso que é a Voz – que encontro o maior prazer profissional.


Foste apresentadora do “Mais Mulher” e do “Entre Nós”, qual o género que mais te atrai?

São tão diferentes! Por mim, fazia as duas coisas. Como toda a gente, há coisas que me apetece aprofundar e explorar, há pessoas que quero conhecer melhor, e depois há outras que na superfície já satisfazem...


Tanto como Assistente de Bordo como no programa “Jet 7” tiveste oportunidade de visitar muitos Países, se te pedisse para eleger um qual seria?

Na verdade, não conheço muita coisa lá fora...quase nunca ficava em lado nenhum. Mas se pudesse escolher um país para alem de Portugal onde estivesse mais tempo, seria o meu: Moçambique, até porque tenho esperança que alguém ponha um fim nesta desgraça que lá acontece por estes dias.


O que mudou na tua vida quando foste viver para os Estados Unidos? O que mais te surpreendeu? Algum episódio mais curioso por contar?

Os EUA são enormes, na verdade eu só conheço a Costa Leste e não toda. Surpreendeu-me a presença dos portugueses na zona da costa Leste, por ter tantas ligações com a maneira de ser daquela zona do continente americano. São mais fechados, mais rudes, mais temperados pelo mar e pela agrura própria de quem depende dele para viver. São muito diferentes do americano do Sexo e a Cidade, e se calhar por isso gosto muito mais deles. São gente genuína.


De que forma o nascimento do teu filho Kyle alterou a tua vida?

Não teria espaço para descrever tudo o que mudou...acho que o mundo mudou, na verdade. Pelo menos eu não conhecia esta realidade filtrada pelos olhos de uma criança, o que o espanta, o que o move e comove. É tudo novo, principalmente eu sou toda nova. E gosto.


Nasceste e já tiveste oportunidade de filmar uma telenovela em Moçambique. Como vês a actual situação?

Como disse, com preocupação. Parece-me que a Renamo se mostra, com estas atitudes, indigna da democracia, impreparada para a modernidade. Entristece-me imenso, principalmente pelas crianças, que temo que voltem a ser recrutadas para agarrar em armas, para verem e fazerem coisas que nenhum adulto sequer deveria ver e fazer. Só peço a Deus que os poupe de uma nova guerra civil.



Por falar em filmar, tens saudades de voltar a representar? O que te faria voltar?

Nem por isso. Às vezes, sim, se vejo algo de que gosto muito e de que quereria fazer parte. Mas nos dias que correm é tão raro dar de caras com um bom guião! Por acaso acho que mais facilmente me envolveria em produção de algo do que na representação. Tenho algumas ideias, a ver vamos se chegam a nascer!


Tens uma óptima imagem, que cuidados tens no dia-a-dia?

Obrigada! Bem, gostaria de ser muito mais assídua no ginásio, que não sou porque ultimamente fui atacada de uma preguiça inexplicável. Tenho de vencer isto, eu sei. Na minha idade, há que começar a prevenir alguns problemas que muitas temos na velhice. Mas pronto, como benzinho, sem dietas loucas (que dão cabo da pele e do cabelo), e essencialmente conto com os conselhos da minha amiga Elisa d’Almeida (do blog A Beleza É Um Lugar Estranho) para me dar umas dicas. Vestirmo-nos de acordo com o nosso tipo é muito mais importante do que seguir regras cegas da moda.

Gostas de Moda? Quais são os teus criadores de eleição?

Não ligo muito, mas às vezes acho graça. Sempre gostei dos mais clássicos: Tenente, Maneis, Nuno Gama e Miguel Vieira. Lá fora, gosto de Tom Ford e Elie Saab. Não sou nada arrojada, eu sei.


Como te defines como Mulher?

Impulsiva, impaciente, dedicada, nada romântica. Acho que sou, apesar disto, sensível ao sofrimento alheio. Mas ser mulher é ir-se fazendo mulher, é um work-in-progress. Somos uma obra inacabada...foi Deus quem começou, é Ele quem termina.

Novos Projectos para 2014?

Hmm...são tantos! Acima de tudo, queremos publicar em livro os testemunhos das Guerreiras, eu quero começar o meu blog, e também o nosso próprio canal de Youtube. Acho que a televisão acaba dentro de 5 anos, e é preciso pensar mais à frente. Já ninguém vê o que um qualquer programador decide, isso é certo.

Agradecimentos:



CK One Make Up by Miriam Martins


Créditos Fotograficos:

Tracy Richardson

8 comentários:

  1. Obrigada querida, foi um enorme prazer realizar esta entrevista.

    Um beijinho:)

    Carmen

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  2. Fantástica entrevista, parabéns às duas! Gostei muito de conhecer um pouco mais da Adelaide e em particular do seu projecto "As Guerreiras".

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    1. Eu também gostei muito de saber mais sobre este projecto e de conhecer melhor a Adelaide uma mulher verdadeiramente extraordinária.

      Um beijinho:)

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  3. "Mas ser mulher é ir-se fazendo mulher..." - bela frase! É inspirador ler relatos de pessoas dispostas a fazer mais pelos outros como forma de desenvolverem a si próprias. Parabéns pela entrevista, Carmen!

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  4. Completamente Ariane, esta entrevista com a Adelaide foi uma inspiração do principio ao fim. Obrigada pelo elogio mas grande parte do mérito é da Adelaide.

    Um beijinho,

    Carmen

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  5. Antes de mais, mas que privilégio receber um comentário daqueles no meu blog, especialmente vindo de ti, minha querida! Acho que vale muito a pena visitares o Festival In; tem lá uma data de iniciativas e marcas maravilhosas a serem conhecidas!

    De caminho, deixa-me que te diga que estás lindíssima nestas fotografias. Aliás, estão ambas deslumbrantes. (num pequeno à parte, acho o teu sorriso lindo, adorável, com aquelas covinhas!) Adorei a entrevista, naturalmente, até porque gosto muito da Adelaide de Sousa e do seu trabalho! Anseio por mais entrevistas destas!

    Desejo-te um óptimo e delicioso fim de semana ♥

    Um beijinho, Sara ♥
    http://littletinypiecesofme.blogspot.pt/

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  6. Olá Sara, tentei passar lá hoje mas estava uma confusão imensa por causa do concerto do Bruno Mars e acabei por desistir.

    Obrigada pelo elogio até fico sem jeito ;) Fico muito feliz que tenhas gostado da entrevista pois é sempre um trabalho conjunto em que o resultado final depende muito do entrevistado e neste caso senti um enorme enriquecimento interior ao entrevistar a Adelaide.

    Um grande beijinho e um óptimo e delicioso fim-de-semana também para ti.

    Um beijinho,

    Carmen

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