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27 de dezembro de 2024

Web Summit 2024


A edição de 2024 do Web Summit Lisboa deu mais uma vez palco aos temas que marcam a actualidade, numa fase de profundas mudanças no mundo e em termos tecnológicos. A Inteligência Artificial foi, claro, um dos grandes tópicos, com todas as suas implicações, positivas e negativas. Também em foco esteve o resultado das eleições americanas e as questões éticas que se colocam quando um dos mais poderosos magnatas do mundo corporativo e tecnológico passa a ter um lugar de relevo na nova administração. 


Pady Cosgrave de regresso a este certame


Logo na abertura, Pharell Williams inspirou-nos com o seu discurso de perseguimos os nossos sonhos e fazermos aquilo que nos realiza, independentemente do meio de onde viemos. Desta forma, e com pequenos passos, podemos tornar o mundo num lugar melhor. Deu o exemplo das suas origens humildes e da forma como teve de se integrar enquanto negro nos EUA, e de como isso o levou a tornar-se um músico mundialmente conhecido, e, actualmente, também o Director Criativo da colecção masculina da Louis Vuitton. Sem dúvida uma grande inspiração! “Human Dream should be about spending the most time doing something that you love”. “If you could find a vocation doing what you love you now have a dream job”!


Loren Gray, influencer, actriz e cantora


Doina Ciobanu, influenciadora e consultora de sustentabilidade


Tive o prazer de conhecer Doina Ciobanu no Media lounge

Loren Gray, influencer, actriz e cantora, falou-nos da importância de ser autêntico nas redes sociais, um discurso muitas vezes usado em outros certames, mas que permanece actual, sobretudo numa época em que as plataformas estão sempre a mudar de formato e novos desafios se levantam. É fundamental que aqueles que tomamos como referência sejam um bom exemplo, sobretudo para os mais jovens. Também Doina Ciobanu, influenciadora e consultora de sustentabilidade, no painel “Know your audience: The power of social listening”, refere que não se trata apenas de implementar uma ideia, tem de ser real “It’s just not enough to comunicatte an idea, you have to implement it and it starts from the company”.




O robô “Digit”, para utilização industrial, mostrou-nos que já é possível executar as tarefas domésticas usando a IA, maximizando assim o nosso tempo para o que realmente importa. No entanto, percebemos que esta tecnologia ainda esta longe de conseguir substituir o ser humano, mesmo ao fazer algo tão simples como separar a roupa para lavar. 


O uso da Inteligência Artificial acarreta muitas questões éticas e morais, sendo importante que haja legislação que a enquadre e responsabilize quem a desenvolve, num equilibro, contudo, que permita a inovação. Ainda que algo genérico, a União Europeia foi a primeira jurisdição a avançar com um quadro legal.

A sustentabilidade é cada vez mais determinante, sendo que plataformas como a Vinted estiveram presentes (Thomas Plantenga, CEO Vinted, “Making second-hand the first choice”), lembrando que comprar em segunda mão é cada vez mais uma opção para os mais jovens. Desta forma, para além de pouparem dinheiro, recusam-se a seguir a corrente mainstream, ganhando individualidade e não aderindo à loucura do fast fashion. A Inteligência Artificial está também presente nesta plataforma, bem como ferramentas para controlar os riscos cibernéticos, tal como afirmou o seu criador, “quanto mais crescemos mais medidas de segurança temos de tomar”. 

Uma questão que me preocupa nas compras em segunda mão, em particular no mercado de luxo, é como garantir a autenticidade, sendo que é algo que também está no centro das preocupações de plataformas online para o efeito, caso da Vestiaire Collective.



No painel a “New Trump Era”, o actor Richard Schiff e o activista DeRay Mckesson falam em Elon Musk, o novo “best friend”, do presidente eleito, alertando para o perigo e conflito de interesses que representam a sua presença no núcleo duro da Casa Branca, controlando o orçamento de agências governamentais de regulação sobre, precisamente, indústrias e áreas de actividade que desenvolve e em que faz a sua fortuna (i.e., sectores aeronáutico, automóvel e tecnológico / comunicação). De igual forma, acordam no facto de o “X”, antigo Twitter, ser cada vez mais uma plataforma de lobbying político, um veículo de influência, sendo que, claramente, o propósito do mesmo, ou preocupação, já não é a rentabilidade” (no mesmo sentido, o painel “Did Elon Musk destroy Twitter”).

A concentração destes poderes, a criação de narrativas sem barreiras ou filtros, numa óptica de “quero, posso e mando” é algo que me preocupa seriamente e que a muitos parece passar despercebido.


A actriz Sarah Wayne Callies, embaixadora do Comitê Internacional de Resgate (IRC), no painel “Combatting human trafficking”, fala dos direitos das vítimas de tráfico e dos migrantes. 


Discursando para uma bancada de tecnológicos e investidores, refere o imperativo moral das empresas em desenvolver ferramentas que possam ajudar os mais vulneráveis, a utilização da inovação para o bem (como o recurso a chatbots em ambientes delicados). Chama, ao mesmo tempo, a atenção para a utilização das redes sociais e da IA de forma perversa pelas redes de tráfico humano, ludibriando aqueles que buscam uma nova vida.


Kate Brady (Global Head of Creative & Content Transformation at PepsiCo, Inc)

No painel de Marketing, um tema que me interessa em particular, teve igualmente muito destaque a IA. Kate Brady  “how AI is impacting the advertising creative process” enuncia que a PepsiCo tem vindo a utilizar a AI há vários anos para “ajudar a optimizar os investimentos em marketing e publicidade” nas várias campanhas lançadas. Acrescenta que, quanto ao Generative AI (sistemas de inteligência artificial capazes de criar novos conteúdos), reconhecem o valor, estando a ter uma abordagem mais cautelosa, garantido que o quer for desenvolvido e publicitado terá de estar de acordo com os valores e identidade da marca.


Uma mulher inspiradora!


Nas marcas de luxo, Julie de Mayer da LVMH, no painel “Smarter beauty The future of data & AI for the luxury brands”, falou numa utilização determinante mas criteriosa de ferramentas de inteligência artificial (e realidade virtual) e que as mesmas não substituem a importância do factor humano: “It is what we call at LVMH “quiet data and AI” ...They are on the fabric of everyday life, they are shaping our experiences without us even knowing it, they are subtle and that’s how we like it”.


Uma audiência atenta e que gosta de moda



Também Paloma Juncos, (Global Head of Omni Growth and Data Analytics at Loewe) “Levelled Up Luxury: How tech elevates client experience”, destaca a importância da visita ao espaço físico. o primeiro contacto que têm com a marca pode ser online mas no final vão à loja para ter a experiência completa, para tocar nos produtos, para sentir o craftmanship, a arquitectura. 



Gonzague de Pirey, (Chief OmniChannel and Data Officer at LVMH) no mesmo sentido, enuncia “The experience of luxury is fundamentally human. Luxury is about the appreciation of a product of quality, about craftmanship. Luxury is about artistic creation, brand desirability. Luxury is about surprising and delighting customers”.

Reconhece, contudo, o impacto da tecnologia e da inteligência artificial, mas termina a intervenção com uma citação em jeito de alerta, “Science sans conscience n’est que ruine de l’âme” (Gargantua a escrever uma carta para o filho Pantagruel; “Livre plein de Pantagurélisme”).

Não podia estar mais de acordo, dado que adoro fazer pesquisas de produtos online mas nada me dá mais prazer do que ir a uma loja e ter uma boa experiência, algo que claramente faz toda a diferença na hora de comprar e na fidelização à marca! 

Relativamente às outras preocupações apresentadas também continuo a ter bastantes reservas. Considero que a Inteligência Artificial deve ser usada de forma criteriosa e ética, bem como as restantes tecnologias e redes sociais de modo a que seja o homem a dominar a tecnologia e não o contrário! 


Na conferência de imprensa Pady Cosgrave garante que por ele o Web Summit fica em Portugal para sempre…Nós agradecemos! 





O Qatar também esteve presente, dado que será lá a próxima edição em Fevereiro de 2025.


Até 2025 Web Summit!

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