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9 de dezembro de 2014

Margarida Figueiredo | Na Primeira Pessoa


Conheço a Margarida Figueiredo desde que ingressou na revista Activa como editora de moda, numa altura em que eu era responsável pelo showroom de uma agência de comunicação, já lá vão alguns anos... Sempre simpática e de sorriso fácil a Margarida é uma pessoa de bem com a vida e com uma grande paixão pela sua profissão.

Recentemente reencontrei a Margarida num evento e não resisti a convidá-la para uma entrevista para vos dar a conhecer o seu percurso na área de produção de moda e nos falar sobre a sua experiência na revista Activa.

Encontrámo-nos no Tágide Wine & Tapas para uma agradável conversa.


Margarida como é ser editora de moda de uma revista como a Activa?

A Activa não é uma revista de moda, é uma revista de lifestyle para mulheres com interesses muito variados. Aborda temas que fazem parte do quotidiano de toda a gente e é transversal a vários targets. As nossas leitoras têm idades compreendidas entre os 16 e os 66, com maior incidência na faixa etária 35/45. Infelizmente, para termos uma grande variedade de temas, o que é bom, não temos o espaço que eu gostaria para a moda. Adaptamos as tendências ao mundo real, a Activa é uma revista que dá imenso trabalho e imenso gozo, permite fazer editoriais para pessoas de todas as idades. Não somos conceptuais, somos completamente comerciais, damos ideias de versatilidade das peças e tentamos passar a mensagem de que a moda é uma questão de atitude. 


A Indústria da moda está sempre a mudar, como fazes para te manter actualizada?

Pesquiso muito, vejo desfiles, viajo, observo as pessoas e o que “bebem” das tendências internacionais, como adaptam ao seu estilo de vida. Um dos meus programas preferidos é ficar sentada numa esplanada a observar as pessoas, em qualquer parte do mundo, as tribos urbanas são muito interessantes.


Como é a tua relação com a moda? “trends are much more than nice clothes…”?

É uma verdade absoluta, “Trends are much more than nice clothes”. Eu trabalho em moda desde os 16 anos, comecei a trabalhar como modelo com o Zé António Tenente no primeiro desfile dele há muitos anos, portanto a relação que tenho com a moda é muito próxima, cúmplice e longa. Uma mulher pode estar vestida com tudo o que é tendência e estar mal vestida porque não tem estilo próprio, não sabe coordenar as peças e estar bem vestida com roupa clássica intemporal. Eu não sou uma fashion victim, e defendo a individualidade, só uso o que acho que me fica bem. Temos de adaptar as tendências ao nosso estilo, decididamente. 


Quais os criadores com quem mais te identificas em Portugal e no mundo?

Em Portugal gosto muito do trabalho (que me desculpem os outros...) do Luís Buchinho, do Miguel Vieira, do Nuno Gama em moda de homem e do Felipe Oliveira Batista, Tenho uma grande curiosidade pelo trabalho dos novos criadores que apresentam as suas coleções no espaço Bloom, magistralmente coordenado pelo Miguel Flor no Portugal Fashion, há imenso talento, bons acabamentos, bons materiais e um sentido comercial apurado. Os criadores internacionais....gosto de tantos, o meu gosto pessoal é muito éclético, gosto muito do trabalho da Frida Giannini para a Gucci, as coleções são muito coerentes, bem pensadas, apetece usar tudo, da roupa aos acessórios. Adoro o minimalismo do Christophe Lemaire para a Hérmès e a sua própria coleção, os cortes, a conjugação de cores é sublime!

 
Consideras que de alguma forma a moda pode ser “castrante”?

Pode, se a pessoa não tiver estilo próprio, for uma fashion victim, aí é castrante, porque não sabe adaptar. Só copia as it girls, compra o conjunto que está na montra, só usa as cores e as peças que são tendência, independentemente se lhe ficam bem ou mal, olha para o armário cheio de roupa e acha que não tem nada para vestir.

Qual a peça com a qual não podes viver esta estação? E aquela que apesar de estar in já não consegues usar?

Não passo sem umas calças rasgadas que gosto de combinar com peças clássicas. Já não consigo usar peças de inspiração militar.


És fiel às tendências ou consideras que são as tendências que têm de se adaptar ao nosso estilo?

Sou muito infiel às tendências, tenho o meu estilo e adapto aquilo que é tendência a outras peças que já tenho de outros anos. As tendências é que têm que se adaptar a cada pessoa e não o contrário, Temos que ter atenção aquilo que nos fica bem as cores, as alturas, os corte.

Quais são os teus hobbies?

Ler, ver revistas, cinema, sentar-me nas esplanadas a observar a forma de vestir das mulheres, os cortes de cabelo, a maneira como andam na rua, mais direitas, mais tortas, com determinação, a arrastarem-se...


Qual a viagem que realizaste ao longo da tua carreira que mais te marcou e porquê?

A viagem de trabalho mais marcante foi sem dúvida uma viagem que fiz a convite da Swarovski, que reuniu jornalistas de 60 países dos 5 continentes, numa logística impressionante. De Portugal, fui eu e a Paula Mateus, na altura editora de moda da Máxima, hoje diretora da Vogue e de quem sou amiga.

Fomos até Geneve num voo normal da Tap, já no aeroporto, esperava-nos um motorista que nos levou ao aeródromo onde tinhamos à nossa espera o jato particular da familia Swarovski, para nos levar a Innsbruck, onde fica situado o museu da Swarovski. Já na cidade austríaca, foi-nos dado um motorista só para as duas que nos acompanhava sempre que nos deslocávamos.

Houve uma mega-festa no museu, que por si só, é um espaço de tirar o folego, fica no cimo da montanha numa gruta com dois olhos gigantes de cristal Swarovski à entrada; lá dentro várias galerias contiguas, desvendavam os segredos da marca. Nesse ano, a coleção tinha várias referências a Africa, no desfile a que assistimos estavam as top model da altura, Naomi Campbell, Alec Wek entre outras. Já de regresso a Geneve no jacto privado, percebemos de repente que o conto de fadas tinha acabado, a Tap tinha cancelado o unico voo para Lisboa e nada mais podíamos fazer senão dormir no hotel do aeroporto. Deram-nos então umas senhas de refeição que dava exatamente para uma sopa e uma água, não tinhamos francos suiços nem havia multibanco com facilidade, passamos assim do céu para o Inferno em meia hora, mas chegamos a Lisboa no dia seguinte a achar que tinhamos vivido um sonho.


Qual a personalidade que mais te surpreendeu?

A personalidade internacional mais marcante que conheci foi a Bruna Lombardi, fizemos uma capa da Activa com ela. Cativou-me pela forma de estar muito Zen, o imenso respeito e simpatia com que trata as outras pessoas, a beleza fisica e interior de uma mulher que está em plena sintonia com a vida e com o planeta, adorei conhece-la! O português que mais me surpreendeu positivamente foi o Felipe Oliveira Batista, que já tive o prazer de entrevistar, adoro o trabalho dele, surpreende-me a sua humildade e inteligência. É um entrevistado que diz coisas interessantes. Podia ter manias de celebridade, é o único português que é diretor criativo de uma grande marca internacional, mas não tem. A dupla Marques Almeida faz o maior sucesso na London Fashion Week mas são completamente inacessíveis. 


Para além da moda quais são as tuas outras paixões?

Tenho outros interesses, claro! para além da moda, gosto muito de arquitetura e de design moderno, sou uma fã dos arquitetos da Bauhaus, viajo mais depressa para ver um edifício do Mies Van der Rohe do que para ver as lojas da Avenue Montaigne. E sou uma cinéfila, vejo tudo... 


Consideras que em Portugal é fácil conciliar vida familiar com a carreira?

Não, é muito dificil de conciliar, eu prescindi de metade da minha licença de maternidade das duas vezes, não tinha horários, obrigou-me a ter uma empregada em casa a trabalhar 10 horas diárias, quase criou os meus filhos, talvez seja a única coisa que me arrependo na vida. A total dedicação a uma carreira faz-nos prescindir do que temos de mais importante na vida, a nossa família.


Como te defines como Mulher?

Como me defino? Nem sei bem... Uma mulher proactiva, curiosa, teimosa, determinada, trabalhadora... 


Um desejo e um projecto para 2015 que possas partilhar com o Breakfast@Tiffany’s?

Sou a editora de moda mais antiga do mercado, são 18 anos de Activa, gostava de experimentar fazer outras coisa, vou começar a dar formação na Lusofona. Um desejo? que o Breakfast Tiffanys atinja números astronómicos de visitas.



 Obrigada querida Margarida pela tua simpatia e por partilhares o teu universo com os leitores do Breakfast@Tiffany's ;)






Look

Vestido e carteira Pedro del Hierro | pulseira Skagen

Hair by Tita Martins for Anton Beill Hairdressing

Make-up Anton Beill Hairdressing


Créditos Fotográficos Rute Obadia Fotografia

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