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16 de abril de 2014

Isabel Machado | Na Primeira Pessoa


O convite da Esfera dos Livros para apresentar o novo livro de Isabel Machado “Vitória de Inglaterra” deixou-me muito honrada mas ao mesmo tempo com um grande peso de responsabilidade. Em primeiro lugar por ainda não conhecer a autora, depois por se tratar de um romance histórico passado em Inglaterra e por nunca ter feito uma apresentação de um livro. No entanto há sempre uma primeira vez para tudo e como gosto de desafios só podia aceitar.

Fui conhecer a Isabel Machado num fim-de-tarde na pastelaria Versailles e achei que estabelecemos uma empatia imediata, algo que considero fundamental para que um projecto tenha sucesso.

Tinha pouco tempo para ler o livro e por isso enclausurei-me durante uns dias para preparar esta entrevista em formato de apresentação. Encontrámo-nos no dia marcado para fazer a sessão fotográfica e de seguida rumamos ao Fórum Almada para a apresentação do livro. O que mais me surpreendeu na Isabel foi a sua forma expansiva com que consegue dar vida aos personagens, talvez pela experiência que teve como jornalista mas acima de tudo pela paixão que denota pelos protagonistas do livro. Isabel é sem dúvida um exemplo a juntar ao leque de entrevistadas que admiro. Obrigada Isabel Machado por esta oportunidade! 


Isabel Machado é jornalista, licenciada pela Universidade de Letras em Línguas e Literaturas Modernas. Durante 11 anos viveu em Macau e foi pivot e jornalista da televisão de Macau, tendo posteriormente desempenhado a mesma função no canal Parlamento de 2003 a 2011. Em 2012 publicou o seu primeiro romance histórico "Isabel I de Inglaterra e seu Médico Português".


Isabel, o livro que publicaste recentemente, “Vitória de Inglaterra”, é já o teu segundo romance histórico e ambos versam sobre rainhas inglesas. Deve-se a algum motivo em particular? Como foi feita a pesquisa para uma obra que cruza um século de história de Inglaterra e de Portugal?

É verdade que, quer Isabel I quer Vitória, são soberanas inglesas. Aprecio mulheres que se conseguiram impor num mundo de homens, é muito mais difícil para uma mulher exercer o poder, sobretudo em épocas tão remotas como o século XVI e até o século XIX, quando nem em Inglaterra havia direito de voto para as mulheres. No entanto, tive desde o início como ponto de partida, em ambos os casos, cruzar a vida destas mulheres com a História de Portugal. Quis trazer para a literatura portuguesa uma abordagem diferente no romance histórico, levando Portugal para o quotidiano destas monarcas poderosas. No caso de Isabel I, parti do momento trágico da perda da independência de Portugal, em 1580, que coincide com a grande ameaça que Filipe II também representa para a Inglaterra de Isabel I. Fui por aí e acabei por descobrir que a rainha tinha tido um médico português, Rodrigo Lopes, um homem que se tornou uma peça essencial como espião da corte inglesa sobre as movimentações de Filipe II, quando Portugal já estava sob domínio espanhol. E o romance conta a história de Isabel I e do seu médico português...

Com este novo romance, Vitória, a rainha que amou e ameaçou Portugal, propus-me contar a História dos dois países e a estreitíssima ligação entre as duas casas reais, através do olhar da monarca inglesa cuja vida atravessa quase todo o século XIX, dos mais conturbados de sempre em Portugal e com grandes conflitos com os nossos velhos aliados, nomeadamente o mais grave de sempre, o Ultimato Britânico, que acabou com o grande sonho português em África.

A pesquisa foi colossal, intensa, meses a fio, de manhã à noite, cá e em Inglaterra, em arquivos reais, palácios, bibliotecas, museus, residências...Li milhares de páginas em arquivos, cartas da rainha Vitória, dos reis portugueses, reproduzo bastantes que nunca haviam sido publicadas cá. É uma tradução minha, livre, mas bastante fiel, que insiro num contexto romanceado. 


Como foi passar do jornalismo para o romance histórico?

Foi libertador. Foi regressar às origens, eu sou licenciada em Letras, fiz o exercício inverso ao que tinha feito para entrei para o jornalismo: da contenção, voltei para os estados de alma, para os excessos, para os pormenores descritivos, para a narração mais pausada. E, sobretudo, para a criatividade total, a ficção permite tudo. Agora, a experiência do jornalismo é muito útil na pesquisa e na desenvoltura da própria escrita. 


“Sou muito sensível à beleza”, afirma Vitória de Inglaterra, no seu caso motivo de infelicidade por não primar pela mesma. Podemos dizer que o seu défice de beleza era compensado por uma forte personalidade?

Personalidade não lhe faltava, isso é certo! Era mais do que compensado, Vitória era excessiva, dominadora, caprichosa, colérica, apaixonada, vibrante, mas com uma grande capacidade de compaixão, de amor, de generosidade, de amizade. Detestava a arrogância das classes altas. Preferia a companhia do marido e dos filhos e da gente simples, para grande horror da sua corte. Irá provocar alguns escândalos esta sua maneira de ser, a sua capacidade de se apaixonar arrebatadamente, ignorando totalmente as convenções. E era de facto obcecada com a beleza das pessoas, da natureza, do amor, até da morte. Vitória era uma mulher típica do Romantismo. 


O que mais te surpreendeu na personalidade de Vitória de Inglaterra?

A sua sensualidade. Foi absolutamente surpreendente. A mulher de aparência severa, fria, austera e puritana que se vê nos quadros e nas fotografias era, afinal, de uma imensa sensualidade, com uma sexualidade quase explícita. Vitória era muito genuína, extremamente sincera, dizia que não sabia mentir, outra característica que me encantou, a par da sua extrema emotividade e contradição. Era uma força da natureza, mas nunca perdeu as características de criança mimada. 


Vitória subiu ao trono com 18 anos. O seu reinado durou 63 anos, tendo sido o mais longo da História, muito embora a Rainha considerasse que reinar e ser mãe e mulher era um pesado fardo. Como era na época exercer simultaneamente estes papéis de uma forma tão activa?

Era muito difícil. Como ainda hoje é muito difícil. Ela sofria imenso com isso porque era uma mulher que apreciava particularmente o lado privado da vida. A família. Melhor ainda, o marido. Estar a sós com o marido, por quem tinha uma imensa paixão, era o que a fazia mais feliz, embora amasse profundamente os filhos e fosse uma mãe sufocante, obsessiva, como com tudo o resto... Mas Vitória arranjou uma forma, original na época, de conciliar o dever e a vida privada, construindo duas casas de família, longe dos palácios reais, uma no sul de Inglaterra, outra na Escócia, onde passava largas temporadas, para desespero da corte e de alguns governantes. Nunca deixava de trabalhar, obrigando os ministros a deslocarem-se constantemente à ilha de Wight e ao castelo de Balmoral. 


Vitória tem uma forte relação com o seu corpo e para ela dar à luz era um fardo. No entanto teve 9 filhos que amou muito, como vês esta contradição?

Vitória ERA, ela própria, uma contradição... A gravidez e o parto eram momentos penosos para a rainha, que jamais calava o seu desagrado, mesmo numa época em que a obrigação da maternidade era absolutamente inquestionável. Na verdade, penso que não tinha alternativa, por sua vontade, certamente teria estado grávida menos vezes. Penso que a sua relação difícil com a gravidez e o parto passava muitas vezes para a relação com os filhos. Estou convicta que a rainha Vitória sofreu mais do que uma vez de depressão pós-parto, tentei descrever essa agonia dela como mãe, uma mãe que ainda por cima era rainha, com a terrível sensação de falhar duplamente. 


A relação próxima que mantinha com os seus familiares da corte portuguesa não a impede de lutar pela conquista do continente africano. Podemos dizer que foi uma relação de amor/ódio?

Ódio não. Raiva, fúria, sim. Ela desesperava com a forma portuguesa de reagir, os adiamentos, a maneira de contornar problemas em vez de os resolver, dizer uma coisa e fazer outra... Politicamente era muito pragmática e tão depressa queria genuinamente ajudar os primos de Lisboa – e ajudou muitas vezes – como lhes ralhava por considerar que não agiam como monarcas constitucionais ou porque achava que descuravam o dever... Ela teve relações muito diferentes com todos os reis portugueses que conheceu – D. Maria II, D. Pedro V, D. Luís e D. Carlos - mas sempre bastante próximas. Exploro muito o contraste entre as duas culturas, o preconceito e a caricatura.

Sobre África, e o chamado mapa cor-de-rosa que Portugal reclamava para si, unindo as possessões em Angola e Moçambique, era o interesse da Grã Bretanha contra o interesse de Portugal. Ela nunca hesitava quando se tratava do interesse britânico, mas como era uma mulher muito dominada pelo coração não deixava de tentar interferir junto dos políticos e de se angustiar profundamente. O Ultimato Britânico foi precisamente um desses casos, em que as notas enviadas pela rainha ao governo mostram bem como lhe foi penosa a situação. Naturalmente que, a partir de uma frase, uma nota, uma carta que encontrei nos arquivos ingleses e que traduzo e transcrevo, me permito ficcionar livremente. Mas é essa a natureza do romance histórico, é assim mesmo que deve ser, não é um livro de História. Rigor, sim, mas com muita ficção. 


Vitória sonhava com a luz da cidade de Lisboa e tinha o sonho de vir à capital num dia de sol, o que nunca se veio a concretizar. Hoje em dia tudo seria diferente?

Seria muito mais fácil. Há hoje incomparavelmente mais estabilidade política em Portugal do que no século XIX, que foi dramático para os portugueses. Houve constantes crises políticas, económicas, violência, catástrofes naturais, tragédias pessoais dos reis. Por acaso, há uma arrepiante coincidência de tragédias nas famílias reais britânica e portuguesa que eu desconhecia, chocou-me e quis dar-lhe bastante destaque no romance. Os transportes hoje também são rapidíssimos. A rainha Vitória não veio cá, mas passou o afecto por Portugal para o seu herdeiro...


Foi a empatia feminina que Vitória de Inglaterra desenvolveu com D. Maria II, sua prima, que fez com que tivesse sempre um amor por Portugal. Acreditas que os laços que se estabelecem entre as mulheres, sobretudo ainda muito jovens podem ser para a vida?

Tudo começou nessa ligação, mas vai intensificar-se com o casamento de Vitória com o príncipe Alberto, seu primo direito e também do nosso D. Fernando II, marido de D. Maria II. Mas a amizade prolongou-se, mesmo depois da morte de D. Maria II, pelos reinados seguintes, ao longo de toda a vida de Vitória. É muito interessante. Acredito profundamente que as mulheres são fantásticas a forjar laços de amizade com outras mulheres que conheçam em qualquer fase da vida. Mas claro que as amigas de infância são sempre muito especiais!


O seu casamento com o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, seu grande amor e de quem teve nove filhos foi uma relação arrebatadora para a época. Casar por amor, nomeadamente no que se refere às casas reais não era a prática. Fala-nos como terá sido isto encarado aos olhos da época e de que forma influenciou os futuros regentes?

É uma história de amor maravilhosa. Das mais belas de sempre na Europa. Para Vitória era impensável não casar por amor. Apaixonou-se perdidamente pelo seu primo Alberto de Saxe-Coburgo-Gotha, um homem belíssimo e um ser humano de excepção, a todos os níveis. Foi aceite na época por uma razão muito simples. Ela era a rainha. Rainha soberana, fazia o que entendia. Além disso, é preciso não esquecer que se estava no auge do movimento Romântico, que idealizava o amor, a paixão, a liberdade, a individualidade. Os súbditos, embora não gostassem inicialmente da escolha por ele ser alemão, xenófobos como são os ingleses, encantaram-se com aquela união de amor da sua rainha. O modelo de família feliz vai ser copiado no reino e todos os filhos de Vitória e Alberto vão também casar por amor, iniciando uma tendência que se viria a generalizar nas casas reais. Grande parte das monarquias europeias actuais descende de Vitória e de Alberto, até o rei Juan Carlos de Espanha é trineto do casal.


Qual foi a influência directa do reinado da rainha Vitória no Período de grande expansão / hegemonia que o Reino Unido conheceu, bem como na consolidação do próprio Império? Que legado deixou a rainha Vitória para o Futuro?

É neste reinado que o Império britânico atinge o seu apogeu. A influência inglesa no mundo de hoje deve-se em grande medida, não só à emergência dos Estados Unidos a potência mundial, mas também à influência que a Grã Bretanha deixou nas suas colónias, com o domínio da língua inglesa, do direito, das suas instituições e modos de vida. Muitas conquistas sociais tiveram origem nas lutas que se travaram neste reinado: o direito de voto para as classes trabalhadoras, muitos direitos laborais, a educação, a grande liberdade de expressão na imprensa, o comércio livre, o desenvolvimento da indústria, dos transportes. Infelizmente, o século XX herdou a tragédia da Irlanda do reinado vitoriano. Outras influências curiosas: a invenção do selo e o uso do branco para os vestidos de noiva, a rainha Vitória casou de branco, fugindo à regra dos tecidos de ouro e prata, num modelo de cetim e rendas que ela própria concebeu. Também o conceito de família, assente em sólidos laços de amor e respeito, o gozo de períodos de férias, as viagens, até o ideal de conforto das casas vitorianas passaram para o século XX.

Para mim, o grande legado pessoal da rainha Vitória foi ter humanizado a monarquia. Com todas as virtudes e fraquezas do seu carácter, primeiro exibindo a faceta de esposa e mãe feliz e, mais tarde, expondo a sua profunda dor pela tragédia pessoal que sofreu, vincando o papel de mulher solitária e triste, mas que não abandona o dever, Vitória acabou por aproximar o povo britânico da figura da monarca, sobrevivendo aos escândalos que também provocou. Talvez tenha salvo a monarquia britânica. O seu nome e o seu exemplo são ainda hoje uma referência na Grã Bretanha.

Por fim, a rainha Vitória estreitou os laços com Portugal, chegando a insurgir-se contra os seus políticos para manter viva a aliança, que perdura, como sabemos, nos nossos dias, como a mais antiga do mundo.


Isabel viveste nos E.U.A, Inglaterra e Macau. No teu regresso a Portugal quais as principais diferenças que encontraste?

Em Inglaterra, apenas passei temporadas, de dois meses, no máximo. Terminei o liceu nos Estados Unidos e vivi quase 11 anos em Macau. Encontrei coisas muito diferentes nos regressos dos Estados Unidos e de Macau porque a fase da minha vida era bastante diferente e Portugal também vivia momentos muito distintos. A primeira vez, começavam os anos 80, e lembro-me de achar as coisas difíceis, confusas, a informação não era fluida, refiro-me à vida em geral, as coisas não eram explicadas claramente, havia muitos preconceitos, muitos, vindos de todos os lados. Há muitos defeitos na sociedade americana, mas uma das maiores virtudes, para mim, é a clareza. A definição de regras e de objectivos, sabemos o que é esperado de nós. O celebrado reconhecimento do mérito também. Gosto do bom senso deles. E do maior compromisso com a verdade, em geral, com o qual me identifico e que encontro nas sociedades anglo-saxónicas.

Quando regressei de Macau, quase em 2001, Portugal parecia-me riquíssimo, o que me causava alguma perplexidadeJ!!! Mas tinha um lado positivo também, via-se que as pessoas tinham acesso a bens, a serviços. Parecia-me tudo altamente tecnológico! Eu, que sempre fui uma nódoa com tecnologia, não sabia funcionar com montes de coisas. Mas havia um optimismo bom, parecia que os portugueses acreditavam em si. Que podiam fazer coisas, sonhar. Isso agradou-me.

Mas, acima de tudo, o regresso a Portugal, para mim, sempre foi uma coisa muito emotiva, mesmo quando apenas regressava de um inter-rail, por exemplo. Há um cheiro, a luz, um afecto nas pessoas que eu adoro. É a minha terra, onde eu pertenço, por isso custa tanto quando me desiludo. E desiludo-me muitas vezes, é o fado dos optimistas!J


Macau, onde estiveste onze anos, foi também o território onde nasceram as tuas duas filhas e foste pivot de um canal televisivo. É para ti uma segunda casa? Quais os principais contrastes entre a cultura oriental e a ocidental?

É uma espécie de segunda casa, sim, mesmo que se passe algum tempo entre visitas. Será sempre uma terra especial, única, tenho lá grande amigos, é um laço inquebrável. Os contrastes são imensos. Vou salientar apenas alguns. A noção de tempo é totalmente diferente, estou a falar concretamente da China. Ali respira-se eternidade, pragmatismo. Outra coisa é a contenção na expressão das emoções, que nos confunde. Há ainda uma relação descomplexada com o materialismo, que choca os ocidentais que lá chegam a primeira vez. Têm uma ligação profunda aos alimentos, aos elementos naturais, que é muito bela e resulta numa cozinha espantosa! E há uma postura que talvez derive de uma certa passividade milenar das massas que se manifesta em grande tranquilidade aparente e que pode ser muito encantadora para quem observa e convive com eles.


Que cuidados de beleza / imagem deve ter uma jornalista que trabalha em televisão? 

Bastantes. O cabelo é sempre o mais dramático, sobretudo numa terra húmida como Macau, onde bastam 5 minutos para o cabelo se encaracolar todo, qualquer mulher entende o drama do que estou a dizer.... Mas há todo um cuidado com a aparência, as pessoas esperam ver-nos na rua como se estivéssemos a apresentar o telejornal! Habituei-me a usar rimmel diariamente, blush, baton claro ou gloss. Os cuidados com a pele são muito importantes por causa da maquilhagem pesada. Aprendi a importância de uma boa limpeza todas as noites, jamais me deito sem limpar muito bem e hidratar a pele.


Já em Portugal foste jornalista da revista LUX Woman onde ganhaste um prémio. Fala-nos um pouco sobre isso.

Eu era apenas colaboradora da LuxWoman, para a área de reportagem e entrevista, porque trabalhava no Parlamento. Foi uma reportagem sobre cancro infantil em 2002, a pedido de uma amiga, que tinha perdido um filho com leucemia, uma criança que eu adorava, ainda por cima. No ano seguinte, em 2003, a Fundação Roche e a Liga Portuguesa Contra o Cancro instituíram um prémio de jornalismo em Portugal para trabalhos sobre o cancro que se distinguissem em qualquer órgão de comunicação social. E ela e o marido encorajaram-me a concorrer. Mas fazia-me uma certa confusão concorrer a um prémio com aquele tema, fartei-me de hesitar e entreguei-o apenas no último dia do prazo. E ganhei, mas foi um trabalho muito difícil de fazer, interrompi-o várias vezes, porque tinha dificuldade em desligar-me da recordação do António. É muito dura a realidade das crianças com cancro e das suas famílias. Na altura, ainda não havia o lar da Associação Acreditar, que se construiu depois junto ao IPO de Lisboa para albergar as crianças e famílias. Só podia ficar um acompanhante no IPO com a criança doente e lembro-me de um pai de uma menina de 3 ou 4 anos, do Alentejo, que dormia todas as noites no carro durante os períodos de internamento da filha para estar perto dela todas as manhãs. É incrível a força que vemos naquelas pessoas. Naquelas crianças. Nunca vou esquecer o olhar daqueles meninos.


Como te defines como mulher?

Idealista, acima de tudo. Optimista, também. Duas características que, por incrível que possa parecer, nem sempre são bem compreendidas. É uma estranheza para algumas pessoas... Acho que sou bastante sincera e leal. Impaciente, inconformada, afectiva, um bocado intempestiva quando me canso da minha própria contenção, sonhadora, tão emotiva quanto racional, acho eu. Mas, sobretudo, idealista.



Agradecimentos:


Créditos Fotográficos: Rute Obadia Fotografia




Hair by Tita

Make-Up by Vicky

Manicure Tânia





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