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3 de março de 2018

Rita Salgueiro | Na Primeira Pessoa


A decoradora Rita Salgueiro foi a responsável pela mesa do lanche de celebração do 8º aniversário do Breakfast@Tiffany's. Já nos tínhamos cruzado em vários eventos e decidido fazer um projecto juntas. Finalmente aconteceu e considero que correu bastante bem, dado que a Rita interpretou na perfeição o que pretendia para esta celebração!




Rita, como surgiu a paixão pelo design de interiores? 

Sempre gostei de interiores, de decoração e da arquitectura de interiores. Em pequena tinha a sala, o quarto, a cozinha e a loja da Barbie e já nessa altura organizava essas zonas de forma funcional como numa casa, mas nunca pensei nisso como design de interiores, era simplesmente brincar às Barbies. Em 1992, depois de hesitar muito entre a arquitectura e veterinária, soube da escola da Fundação Ricardo Do Espírito Santos e já só pensava em artes. Os interiores ficaram decididos no 12º ano quando o meu professor de geometria descritiva me falou mais seriamente na minha vocação para a área.


Recentemente estiveste no projecto “E agora o que é eu faço?” da SIC Mulher. Como correu esta experiência? 

Foi uma experiência muito gratificante. Já tinha estado em alguns programas de televisão, mas nunca com esta intensidade. A reacção dos candidatos foi sempre positiva e ainda hoje alguns me ligam a pedir opinião para outras zonas da casa. Lembro-me da cara de cada um deles ao entrar no espaço. Desde o primeiro programa que tenho várias pessoas a enviar mensagens sobre os trabalhos que fiz e a reacção das pessoas que se cruzam comigo na rua é sempre positiva. Acordar às 5:30 da manhã é que não achei tanta graça.


Também dás workshops de decoração e tens diversos serviços de aconselhamento. O que te dá mais prazer fazer? Qual o projecto com que mais te identificaste até hoje? 

Os workshops foram possivelmente a melhor ideia que tive até hoje. Nunca pensei que fosse tão divertido ensinar a decorar e projectar vários espaços em tão pouco tempo. É sem dúvida das coisas que mais gosto de fazer. As consultas de ideias são outros dos serviços que mais gosto, é muito giro entrar em casa das pessoas e perceber o que está certo, o que tem de se alterar e ver se as ideias dos clientes funcionam no espaço. Mas o que mais gosto é quando me passam uma casa para as mãos para fazer projecto à séria de arquitectura e design de interiores. Partir uma ou duas paredes e levantar outras, criar espaços a partir do existente e depois decorar tudo é um verdadeiro desafio.


Como classificas o teu estilo? 

Embora a Fundação seja uma escola clássica, a minha escola profissional foi de design puro e duro. O resultado foi um estilo eclético mais a puxar para design. Gosto de espaços de base clean, onde cada peça possa respirar, assentes nas texturas e materiais. Opto sempre por tons neutros e tento sempre deixar a cor para os livros, molduras e peças existentes, mas a maioria dos clientes acaba por pedir mais cor e lá lhes dou alguns apontamentos de cor em almofadas e acessórios. Adoro misturar metais. Metal para mim é cor, misturo prateados e dourados com bastante facilidade, e isso inclui as salvas de prata herdadas. Não há nada mais bonito que um espaço clean onde se destacam as pratas, os cristais e algumas peças clássicas de família.


As viagens também são uma fonte de inspiração? Qual o lugar onde gostas sempre de voltar? 

Sem dúvida! Adoro viajar e volto sempre cheia de vontade de projectar. Por razões profissionais Paris é um destino quase anual. Adoro Paris e quanto mais vou mais gosto de ir. Mas Madrid é a minha cidade, é lá que me sinto em casa e sempre que posso vou para lá.


Preferes criar um projecto de raiz ou gostas do desafio de reciclar um espaço já existente? 

Desde que me deixem mandar paredes abaixo para reorganizar o espaço ambos são bem-vindos! A maioria das casas vem com espaços disfuncionais, lareiras a meio das salas, onde não se pode criar uma zona de estar em torno desta. Pontos de luz no suposto centro da sala, como se fosse viável colocar uma mesa de jantar ao centro e passar por cima da parte que fica na zona de circulação. Se me deixarem alterar o espaço consigo tirar mais partido deste.


Quais as tuas marcas e criadores preferidos? 

Em relação aos tecidos e revestimentos Etro, Ralph Laurent, Philippe Jefrey, Arte, mas acabo por utilizar muito Designers Guild que tem preços intermédios, bons básicos e muita cor para os clientes coloridos. Adoro as colecções da Hermès mas é para um cliente especifico. Serviços Chistofle e Vista Alegre. Nas pratas decorativas a Topázio. No mobiliário e estofo, Vitra, B&B, Minotti e Flexform.


É possível criar uma decoração bonita e harmoniosa com um budget low cost

Claro que sim. Basta ter bom gosto. O dinheiro ajuda a ter peças de qualidade, peças de arte, peças exclusivas, os tecidos têm outro toque e todo o espaço fica com outro charme. Mas no fundo a decoração é como a moda, Chanel é Chanel, mas também se anda bem vestido com peças da Zara.


És a autora da decoração da mesa do 8º aniversário do Breakfast@Tiffany’s, em que te inspiraste? 

O mais difícil para desenvolver uma decoração é o tema. Neste caso já tinha, as cores estavam definidas por si só. Não quis entrar pelos pretos por ser um lanche e não “carregar” a mesa. Preferi optar pelas cores do blog, mais alegres. A camélia veio representar o luxo pretendido pela personagem do filme que dá o nome ao blog. Uma feliz coincidência dada a relação que tens com as camélias. 


Como te defines como mulher? 

Uma sonhadora que não descansa enquanto não vê os seus sonhos realizados.

Todo o meu percurso seria mais fácil se sonhasse mais baixo e não tivesse princípios, mas gosto de sonhar alto e orgulho-me de ser correcta. Obriga–me a ser uma mulher lutadora e determinada, que o caminho é mais difícil, mas, quando não estou a sonhar acordada, durmo descansada, de consciência tranquila e feliz pelo que vou alcançando por mérito próprio.


Credítos Fotográficos Rute Obadia Fotografia

Agradecimentos Iberostar Lisboa

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