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1 de abril de 2013

Susana Chaves | Na primeira pessoa


Susana Chaves é Editora de Beleza da revista Vogue, tendo passado anteriormente por outras publicações sem nunca ter deixado de estar ligada a esta área. Actualmente é também autora do blog Beauty Airlines.

Conheço a Susana há já alguns anos, na altura era Account numa agência de Comunicação e a Susana já era jornalista na área de beleza. Perdemos o contacto durante alguns anos mas quando nos reencontrámos deparei-me com a mesma pessoa de que me recordava: simpática, muito profissional e acessível. Fiquei de imediato com vontade de a entrevistar.

Combinámos desde logo esta entrevista mas devido aos nossos afazeres profissionais só agora foi possível realizá-la, curiosamente no mesmo local onde nos reencontrámos. O Altis Belém Hotel & Spa, neste caso a Suite Ajudá.

O nome não podia vir mais a propósito, pois este quarto significa PULSEIRAS E TORQUES: "A forma como as transacções comercias se estabeleceram entre os portugueses e as várias sociedades que foram encontrando ao longo da sua vasta viagem não era sempre a mesma. Em São João Baptista de Ajudá a moeda de troca poderia ter a forma de pulseiras, ou manilhas, tão valorizadas por algumas culturas locais".

Foi neste clima de beleza e moda que entrevistei a Susana e julgo que valeu bem a pena a espera;)



Susana, já nos conhecemos há vários anos, julgo que na altura estavas na Visão7. Entretanto foste passando por outras publicações até chegares à Vogue Portugal. Como é ser editora de beleza de uma revista como a Vogue?

It’s a dream come true! A Vogue é o Space Shuttle, são os Óscares, é a Fórmula 1, é onde se deseja chegar quando se trabalha em revistas femininas. Já passaram dez anos mas há dias em que acordo e ainda fico a achar que é um sonho.



A Indústria da Cosmética é extremamente apelativa e glamorosa, imagino que todos os dias assistas a eventos que superam os anteriores. Tens alguns que gostasses de destacar?

Em Portugal, o evento de beleza mais extraordinário a que assisti foi o lançamento do primeiro perfume de Ana Salazar em 1989, alguns anos antes sequer de trabalhar em revistas. Foi um jantar, servido numa tenda ao lado da Torre de Belém, no final do qual, um frasco gigante do perfume foi trazido num barco a remos, pela enseada, vindo do ‘mar’. No estrangeiro, tenho vários favoritos, lembro-me do lançamento de Dolce Vita da Dior, em Paris, em 1994, em que as jornalistas atravessaram a cidade num ‘comboio’ motorizado e, a cada ‘paragem’ havia uma encenação, no meio da rua, com figurantes e adereços vestidos de amarelo e preto, as cores do perfume. Inesquecível também, em 2002, foi o campo de papoilas que Kenzo Flower ‘plantou’ na Praça Vermelha em Moscovo e que, no final, ajudei a distribuir pelos visitantes. Mais recentemente, no lançamento de Coco Noir em 2012, a Chanel recriou em Veneza os percursos favoritos de Gabrielle Chanel, incluindo um concerto privado na Catedral de S.Marcos. Há muitos mais mas não caberiam aqui...


Recentemente criaste o teu próprio verniz com o nome do teu blog, Beauty Airlines. Já pensaste em lançar uma linha de cosmética ou um perfume?

Sim e sei exactamente o que faria e como faria!

O que fazes para te manteres em forma?

Corro atrás da minha filha de 4 anos e meio e ando quilómetros, entre eventos, almoços de trabalho, aeroportos e mil e uma solicitações. Adorava voltar a praticar yoga.


Sei que praticas Watsu, queres explicar-nos um pouco mais sobre esta terapia?

O Watsu é uma espécie de shiatsu aquático em que somos ‘embalados’ pelo terapeuta, à superfície da água – que tem de ser bem quente, pelo menos 33º. É a terapia mais relaxante, profunda e libertadora que conheço.


Já fizeste algumas experiências mais radicais, queres nos revelar um pouco mais sobre essas experiências? Qual a próxima a ultrapassar?

Tenho o curso de páraquedismo e cheguei a fazer queda-livre, é das experiências mais extraordinárias que se pode ter! Saltei de asa-delta várias vezes sobre a praia de S.Conrado, no Rio de Janeiro e, uma vez, num mergulho ao largo das ilhas Turks & Caicos, depois de me ter cruzado com tubarões, fiz uma paragem de descompressão onde estive de frente para uma barracuda a um braço de distância, durante intermináveis 3 minutos... Hoje sou bem mais pacata, talvez por ter sido mãe, talvez porque já experimentei tanta adrenalina e enchi a “barriga”!

E a tua paixão por aviões?

Não sei de onde veio pois não tenho ninguém de família na aviação. Sempre viajei muito, desde pequena (a minha mãe é sueca e visitávamos os meus avós com frequência) e, ainda muito criança, adorava andar de avião. Curiosamente nunca quis ser hospedeira, o que eu mais gostava era de ir para o cockpit. Ainda hoje peço para visitar o cockpit e tenho um log-book com as matrículas dos aviões onde viajo...


Qual a viagem mais longa que já fizeste? E aquela que gostarias de realizar?

Estive 1 mês na Índia, em 2001, parti poucos dias depois do 11 de setembro. Foi uma viagem extraordinária, inesquecível, que gostava de repetir. Aquela que gostava de fazer seria à Austrália e Nova Zelândia.

Com tantas viagens tens certamente um Kit de voo, o que contém?

O meu Kit de voo é embaraçosamente grande. Só não levo o páraquedas porque enfim... Hidratante de rosto, creme de mãos, bálsamo labial, pó compacto, batom, gotas para os olhos, escova e pasta de dentes, desinfectante, medicamentos vários, almofada insuflável e viseira, meias de “avião”, uma muda de roupa interior, carregadores vários para iPhone, iPad, etc, bolachas em saquetas individuais, Rescue Remedy da Bach... Basicamente vou preparada para o fim do mundo, só falta o canivete suíço mas deixei de o poder levar...


Quais as dicas que darias para ter um look fresh todos os dias sem usar muita maquilhagem?

Um corrector que também sirva de base. Um blush em creme, máscara de pestanas e um gloss.

O que trazes sempre contigo?

Bálsamo de lábios, pó compacto, batom e gotas para os olhos.

Normalmente a regra é destacar olhos ou lábios, no teu caso segues está regra?

Não gosto de regras. Se me apetecer – e achar que fica bem – destaco os dois mas, normalmente, opto por destacar os olhos.


Em relação às cores imagino que já tenhas usado uma panóplia imensa mas certamente tens os teus tons de eleição para olhos e lábios, quais são?

Nos olhos gosto de tons entre o cinza e o castanho mas também uso muito cinza escuro e preto. Nos lábios gosto de tons de pele mas, de vez em quando, uso um batom rosa forte ou vermelho. Por vezes laranja. Nao gosto de bordeaux.


É inevitável falar da crise que o País atravessa. Com um País em contenção de custos um dos primeiros cortes é feito nos bens considerados de luxo. Que conselho darias às mulheres portuguesas para se continuarem a cuidar sem saírem do budget?

Há marcas fantásticas, com grande qualidade, a preços muito acessíveis. Aconselho a não prescindirem de um hidratante, um batom e uma máscara de pestanas. São o suficiente para uma pele tratada e uma aparência cuidada.

Sei que já viveste na Suécia, quais as principais diferenças que notas em relação ao nosso País? Imaginas-te a regressar?

É um País muito diferente de Portugal. Tem uma cultura que coloca as pessoas acima de tudo. Andei numa escola pública onde andava de pantufas e a minha avó viveu os seus últimos tempos num lar estatal que parecia um hotel de 5 estrelas. E é um País lindo, sinto muitas saudades da forma como se ‘cultiva’ e se convive em família. Não penso em voltar mas não diria nunca...




Recentemente escreveste o prefácio do livro “Amaranthine” – Beleza Intemporal, onde destacas a importância do cabelo no estilo de uma mulher. Achas que o cabelo é a base de todo um visual?

Não diria que é a base mas é, sem dúvida, um factor essencial, como a maquilhagem e uma pele bem tratada. Um cabelo longo e extraordinário pode fazer um look mas já vi visuais de cabeça rapada igualmente fantásticos.

Tens alguma musa com a qual te identifiques?

A minha mãe e a minha avó paterna são as minhas super-mulheres.

E criadores nacionais e internacionais?

Gosto muito do Filipe Faísca, dos Alves/Gonçalves, do Luis Buchinho... Lá fora, adoro o Riccardo Tisci e do Christopher Bailey, são completamente diferentes mas têm feito um trabalho extraordinário pelas respectivas marcas.


Os aromas recordam-te memórias felizes? Tens algum perfume que te relembre esses momentos?

Sem dúvida. Quase todos os momentos memoráveis da minha vida, felizes ou menos bons têm um “guarda-roupa” olfactivo. Os perfumes são muito importantes na minha vida, uso-os literalmente de acordo com o que sinto e com o tipo de dia que vou ter. Há uns que me dão calma, outros dão-me segurança, outros fazem-me sentir de férias...

Sei que és fã de sushi, de todos os locais onde já experimentaste quais destacarias?

Teria de dizer que foi no Japão que comi o melhor sushi mas em Portugal há óptimos restaurantes para comida japonesa. O Aya ainda é um dos meus favoritos e, recentemente, gosto muito do Sushi Design no Hotel Farol em Cascais e do Sushi Café Avenida na Barata Salgueiro em Lisboa.



Para ti felicidade é sinonimo de…?

Tempo. Ter tempo para tudo o que gosto de fazer. Quando consigo estar com quem quero e fazer o que gosto, sou feliz.

Agradecimentos Rute Obadia fotografia

Dior Make-Up



Com a Rute Obadia e a Susana Chaves.

3 comentários:

  1. Fantástica estrevista querida Carmen...fresca, divertida, despretenciosa, cheia de belas dicas e que, no meu caso específico, me fez "viajar" :)

    Parabéns...e um grande beijinho :-*

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  2. Obrigada querida Eduarda:) Era essa a intenção e é tão bom sentir que passamos a mensagem de forma "fresca, divertida e despertenciosa". Um grande beijinho.

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  3. Parabéns pela extraordinária entrevista que nos deu a conhecer uma mulher interessante e com fibra. Gostei de saber mais sobre o lado aventureiro da Susana. Óptimas fotos também. Beijos

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